Esse texto é o primeiro
de uma pequena série baseada no livro “Em
seus passos o que faria Jesus?”, de Charles Sheldon.
Definitivamente, sabemos que a voz do povo não
é a voz de Deus. Contrariamos esse famoso ditado com muita facilidade quando
olhamos para a realidade. Mas é engraçado como somos contraditórios, mesmo
sabendo disso somos muito tentados a sermos influenciados pela voz do povo, pois
parece que algo em nosso subconsciente diz que é uma voz muito importante para
agradarmos.
Estou lendo um livro muito famoso chamado “Em
seus passos o que faria Jesus?”, decidi fazer uma pequena série baseada em
alguns temas levantados ao longo do texto. E o primeiro deles tem tudo a ver
com o que abordei acima. [Fique tranquilo você que ainda não leu o
livro, não darei grandes spoilers]. Uma jovem muito rica chamada
Virginia vivia em uma grande mansão juntamente com sua avó e seu irmão. Num
dado momento, Virginia tem um encontro transformador com Jesus e essa
experiência a impulsiona a levar uma moradora de rua, que estava perdida no
vício do álcool, a ficar em sua mansão. Sua vó, não convertida, não gosta da
ideia e, no meio da discussão com sua avó, Virginia diz o seguinte:
“Neste caso, terei de
agir segundo acredito que Jesus faria se estivesse em meu lugar. Estou disposta
a suportar tudo o que a sociedade possa
dizer ou fazer. A sociedade não é o meu Deus!”
Virginia rejeita a voz do povo para fazer o que Jesus faria. Essa fala
de Virginia me fez pausar a leitura e refletir um pouco sobre o peso que damos
ao que os outros dizem. Quando lemos os textos bíblicos em Lucas 18.35-43 e
Lucas 19.1-10, podemos notar um contraste que o Evangelho faz questão de nos
apontar. Primeiro temos o relato da conversão de um mendigo cego e em seguida
temos o relato da conversão de um chefe de cobradores de impostos rico.
Em ambos os relatos os homens encontram com Jesus e se convertem de seus maus
caminhos, mas o que me chama a atenção está na reação do povo que assistia
ambos os casos. No primeiro há muito louvor e alegria (18.43), já no segundo há
murmuração e queixa (19.7).
A voz da
multidão é seletiva e injusta, Jesus tem essa marca de desmascarar nossas
hipocrisias e no fazer mudar a rota que damos a nossa vida. Assim como aquele
povo, nós também temos nossas reservas de hipocrisia e precisamos desfazer
delas o mais rápido possível. Temos visto alguns acontecimentos recentes que
devem fazer qualquer cristão parar e pensar um pouco sobre qual tem sido sua
postura. A guerra política que se estabeleceu no meio do nosso povo não pode se
tornar pedra de tropeço para nossa caminhada. Não podemos ser seletivos em
nossa luta contra injustiça e o pecado. Tivemos essa semana dois casos que se
tornam emblemáticos nesse sentido, a ameaça de morte de um candidato de
esquerda e um relato de abuso vivido por uma ministra do governo de direita. As
reações de deboche e ironia de ambos os lados são assustadoras.
Diante
disso o que faria Jesus? No texto bíblico Jesus exorta a multidão
dizendo que Zaqueu não era menos digno de ser salvo por ser quem ele era, pois,
o Filho do homem veio para salvar o perdido (19.10). A voz do povo não é a voz
de Deus, a sociedade não é nosso Deus. O cristão é chamado para fazer a
diferença, pague o preço que tiver de pagar e seja chamado dos mais baixos
nomes, mas nunca negocie sua integridade e autenticidade como seguidor de Jesus
Cristo. Jesus se compadeceu tanto do mendigo cego quanto do chefe dos cobradores
de impostos rico. Entre a voz do povo e a ação de Jesus, você já sabe o que tem que escolher.
Clayton Silva Senziani