segunda-feira, 20 de agosto de 2018

O choque da graça


Texto base: João 4.7-9


Interessante prestar atenção num detalhe desse texto: Jesus é quem se aproxima e inicia todo o processo com a mulher samaritana. O primeiro passo de Jesus nessa aproximação é o choque. A mulher samaritana fica surpresa pelo fato de um judeu estar falando com ela, por conta da hostilidade que havia entre os dois povos. O choque da graça de Deus é exatamente dessa maneira: como pode um Deus Santo, Perfeito em amor e Grandioso, ter interesse em se aproximar de nós, criaturas em rebelião contra Ele, sujos pelo pecado?! Esse foi o primeiro choque que aquela mulher foi submetida e que nós também somos diariamente submetidos, Deus insiste em nos amar mesmo quando já desistimos de nós mesmos.

“Como Você ainda se interessa em me amar?”

Isso se torna ainda mais interessante se contrastarmos este relato com o do capítulo anterior, do encontro com Nicodemos. A graça de Deus fica ainda mais destacada, pois vemos uma postura de receptividade de Jesus, por um lado, com um homem religioso de princípios morais elevados e, por outro, com uma mulher de baixa reputação. Em ambos os casos Jesus chama ao Evangelho, chama para se aproximar, declara a Boa Nova. O choque da graça de Deus se revela tanto ao religioso fervoroso quanto para a mulher de consciência conflituosa. Isso nos revela que onde a graça de Deus se manifesta não há lugar para o sentimento de rejeição, todos são alvos dessa graça, todos recebem o convite gracioso de voltar-se para perto do Pai Amoroso que aguarda o filho perdido.

Essa é a graça que constrange. Como é bom ser constrangido por esse amor. Por isso, não tenha ressentimento de chegar diante de Deus e falar com Ele, quando cair se levante, quando se distanciar se aproxime. Compreenda sempre isso, Deus não pensa e nem age como nós.

Deus te abençoe!

Clayton Silva Senziani

terça-feira, 14 de agosto de 2018

NASCER DE NOVO: Uma nova perspectiva de identidade

Afinal de contas, quem eu sou?”. Em nosso mundo temos, pelo menos, duas respostas. Por um lado, temos a resposta otimista secularizada de que somos bons. Essa resposta nos ensina que somos plenos em nós mesmos, capazes de alcançar tudo aquilo que almejamos e que devemos viver com o propósito de nos satisfazer em todas as áreas de nossa vida (profissional, política, relacionamentos...). Não há limites nessa busca, inclusive de quebrar paradigmas se necessário, o importante é ser feliz e se satisfazer (não à toa que a auto-ajuda anda tão em alta). Por outro lado, temos uma resposta pessimista e cética, de que somos mera obra do acaso, assim como o mundo que vivemos, onde não há uma esperança de que as coisas melhorem, o mundo é isso aí que vemos e acabou. Esse tipo de resposta nos leva a um sentimento de solidão e rejeição.

Em meio a tudo isso, temos o Evangelho de Jesus como resposta para a humanidade. O tema da identidade é muito destacado na mensagem de Jesus, em especial vemos no encontro com Nicodemos, o príncipe dos judeus, onde Jesus o ensina que é necessário um novo nascimento para o ser humano, isto é, ser gerada uma nova identidade (João 3.1-21). O Evangelho responde tanto ao otimismo quanto ao pessimismo, apontados acima. Ao otimismo, o Evangelho confronta com a queda. O ser humano, criado a imagem e semelhança do Criador, caiu em pecado, não há um justo sequer (Romanos 3.10-12), não há possibilidades de depositarmos tamanho otimismo sobre esse ser humano caído que carece de salvação. Quanto ao pessimismo, o Evangelho aponta para o Criador e para a redenção. Apontando para o Criador ensinando que não somos obras do acaso, mas que Deus nos criou, que Ele nos ama e quer se relacionar conosco; apontando para a redenção nos apresenta esperança, as coisas não serão esse caos para sempre, mas que chegará um dia em que Jesus voltará e restaurará todas as coisas.

Esse é o Evangelho de Jesus, que não é religião. A religião requer que nós alcancemos mérito (que sejamos bons, como apresentado acima), enquanto que o Evangelho nos ensina que Jesus conquistou o mérito e nos salva mediante nosso arrependimento. Isso nos responde a pergunta levantada: “quem eu sou?”, a resposta é: ser humano, criado a imagem e semelhança de Deus com um propósito; mas que pecou e se afastou do Criador, que carece da salvação oferecida de maneira graciosa por Jesus mediante nosso arrependimento. Não há lugar para a soberba e nem para a rejeição, isso é Evangelho! Voltemos ao diálogo de Jesus com Nicodemos, para abandonarmos as identidades que o mundo nos coloca, somente nascendo de novo, obra que o Espírito Santo de Deus realiza em nós quando nos arrependemos a cremos em Jesus como aquele que nos salva do caos do pecado. Não somos aquilo que o mundo diz que somos, somos aquilo que Deus diz que somos em Sua Palavra.

Deus abençoe tua vida!

Clayton Silva Senziani