Primeiramente, um feliz dia da
Reforma Protestante para você! Eu como metodista me sinto honrado pelo legado
recebido da Reforma. Gostaria de, nesta reflexão, te levar a pensar um pouco
sobre uma experiência vivida pelo personagem mais lembrado neste dia. Falo
sobre Martinho Lutero e sua experiência com a graça de Deus, o momento em que
seus olhos e coração foram abertos para ela.
Ao se tornar um sacerdote, Lutero
falou sobre a honra que sentia por oferecer Cristo para as pessoas, porém, a
responsabilidade era tão grande que aquilo começou a gerar um grande peso em
seu coração. Lutero começou a se considerar incapaz de exercer seu sacerdócio,
devido ao forte incômodo com seus próprios pecados. Cada vez mais que os
confessava, mais se sentia em dívida com Deus. Então ele foi orientado por seu
conselheiro espiritual a ler as obras dos místicos e foi o que ele fez. Esses
místicos diziam que “bastava amar a Deus, visto que tudo mais era
consequência do seu amor”. De início aquilo lhe confortou, mas logo em
seguida ele caiu em mais um dilema: “como amar esse Deus que queria
condená-lo?”.
Lutero só encontrou a resposta para
sair dessa crise quando passou a dirigir cursos sobre as Escrituras na
universidade de Wittenberg. Ali, enquanto se preparava para dar conferências
sobre a epístola de Romanos, Lutero se viu confrontado com o texto do capítulo
1, versículo 17: “Porque no evangelho se descobre a justiça de Deus de fé em
fé, como está escrito: Mas o justo viverá pela fé”. Lutero tinha repulsa
pela expressão “justiça de Deus”, pois ela o levava àquele sentimento ruim que
o acompanhava, pois ele entendia essa justiça como algo que o condenaria porque
ele não conseguiria nunca cumprir aquilo que Deus esperava dele.
Foi então que Lutero chegou ao
entendimento dessa passagem: “A ‘justiça de Deus’ não se refere aqui,
como pensa a teologia tradicional, ao fato de que Deus castigue aos pecadores.
Refere-se, sim, que a ‘justiça’ do justo não é obra sua, mas dom de Deus. A
‘justiça de Deus’ é a que tem quem vive pela fé, não porque seja de si mesmo
justo, ou porque cumpra as exigências da justiça divina, mas porque Deus lhe dá
esse dom. E, a partir de então, a frase ‘justiça de Deus’ não me encheu mais de
ódio, mas se tornou indizivelmente doce em virtude de um grande amor”.
Esse é o amor do nosso Deus, por isso
que nEle encontramos lugar de descanso para nossa alma e recebemos do seu jugo
suave e fardo leve (Mateus 11.29-30). Definitivamente, viver pela fé em Jesus é
ter vida de verdade!
Deus nos abençoe!
Clayton Silva Senziani
& Bibliografia:
“A era dos reformadores” - Justo L. Gonzalez