A Reforma protestante teve nomes importantes
como Martinho Lutero, Ulrico Zuínglio, John Calvino e outros. Lutero conhecido
pelas suas noventa e cinco teses, o monge agostiniano descobriu por intermédio
das escrituras que o crente seria justificado pela fé, defendeu também o
sacerdócio universal de todos os cristãos. Ulrico Zuínglio, o reformador de
Zurique que foi influenciado por Erasmo de Roterdã na sua formação teológica.
Zuíglio rompeu com alguns costumes da igreja de Roma, como a proibição de poder
comer carne na quaresma, na concepção do reformador tudo teria que passar pelo
crivo das sagradas escrituras.
A reforma teve outras fazes importantes, dentre
elas, o surgimento dos anabatistas, estes eram conhecidos como reformadores
radicais. Inicialmente, os reformadores radicais apoiaram reforma de Zuiglio,
mas com passar do tempo começaram a ter divergências com o batismo infantil. Os
anabatistas, ou rebatizadores, eram conhecidos pelo seu fanatismo e sua
radicalidade.
John Calvino, conhecido como reformador de
Genebra foi também um personagem de suma importância para Reforma Protestante.
A intenção de Calvino era fazer de Genebra uma cidade modelo para Europa, onde
que através da educação e organização da igreja a cidade pudesse ser um modelo
a seguir. Calvino não foi conhecido apenas como um teólogo teórico, mas também
por suas práticas, reduziu a miserabilidade e o analfabetismo em Genebra.
Uma das marcas mais relevantes da Reforma
protestante foi a centralidade das escrituras, tendo como consequência os cinco
Solas: Sola Scriptura, Solus Christus,
Sola Gratia, Sola Fide, Soli Deo Gloria.
Diante dessa conjuntura, queremos destacar uma predominância reformada,
que é o Sacerdócio Universal de todos os crentes.
Dentre outros fundamentos defendidos pelos
reformadores do século XVI está o Sacerdócio universal de todos os crentes.
Esse ponto parte da premissa que não há uma centralização de um sacerdote como
podemos ver no Antigo Testamento e na Idade Média, onde pode-se ver a
centralidade no clero, tornando-se então, uma classe separada dos leigos.
Diante deste viés, os reformadores defenderam que todos crentes são
participantes desse sacerdócio a partir de Jesus Cristo, (1 Pedro 2.5;
Apocalipse 1.5-6; 5.9-10).
O Sacerdócio Universal aponta para a liberdade,
nos remete a uma prática comunitária de vivenciar a fé cristã, onde todo
cristão é um ministro, um agente missionário. Nesse sentido todos os cristãos
são leigos..
Diante dessa marca importante da Reforma
Protestante, o sacerdócio de todos os crentes, corre o risco de ficar apenas
nas análises teórica frente aos irrelevantes discursos que podemos ver no contexto
de igreja brasileira. Estamos em tempos
que a proliferação de falsos ensinos tem se espalhado, a cada dia ser coerente
e relevante no discurso se torna um elemento de exclusão diante da perspectiva
dos consumidores e vendedores da fé, no contexto mercadológico da religião no
Brasil.
Vemos muitos líderes no Brasil centralizando o
poder em suas personalidades, movimentos como G12, M12, MDA, que muitas vezes
valorizam de forma exacerbada a liderança de um indivíduo. Esses movimentos
colocam pré-requisitos para que os novos convertidos se sintam incluídos em suas
respectivas realidades.
A partir disso, temos uma igreja movida pela
lógica do resultado, onde se faz o que dá certo, não o que é certo. No mês que
comemoramos a Reforma Protestante, precisamos mais do que nunca de uma reforma
na igreja. Os resultados não podem ser o motor que move a igreja, o que deve
mover a ação da igreja é espirito profético que denuncia o erro e aponta um
caminho de esperança. Isso será possível, apenas quando voltarmos a enfatizar
os pontos da reforma, principalmente o que enfatiza o Sacerdócio Universal de
todos crentes, onde somos remetidos que não há discípulo maior ou menor, mas,
todos são discípulos e discípulas Jesus Cristo, responsáveis pela proclamação
do evangelho, não há judeu, grego, homem ou mulher, somos a partir de Jesus
livres de toda opressão que a religião possa nos impor. Sola Scriptura, Solus
Christus, Sola Gratia, Sola Fide, Soli Deo Gloria. Viva a Reforma Protestante!
Antonio Carlos de Souza Prado
Referências
bibliográficas:
CAIRNS, Earle E., O
cristianismo através dos séculos: uma história da igreja cristã (São Paulo: Vida Nova, 1988).
Uma das melhores histórias da igreja em um só volume disponíveis em português.
WILLIAMS, Terri, Cronologia
da história eclesiástica em gráficos e mapas (São Paulo: Vida Nova, 1993).
Os ótimos gráficos permitem visualizar facilmente alguns dos temas mais
importantes da história da igreja.
BEEKE, Joel e outros. Sola Scriptura: numa época sem fundamentos, o resgate
do alicerce bíblico. São Paulo: Cultura Cristã, 2000.
HARRIS, Laird. Inspiração
e canonicidade das Escrituras. São Paulo: Cultura Cristã, 2004.