sexta-feira, 30 de outubro de 2015

O Sacerdócio Universal e a Reforma Prostestante

A Reforma protestante teve nomes importantes como Martinho Lutero, Ulrico Zuínglio, John Calvino e outros. Lutero conhecido pelas suas noventa e cinco teses, o monge agostiniano descobriu por intermédio das escrituras que o crente seria justificado pela fé, defendeu também o sacerdócio universal de todos os cristãos. Ulrico Zuínglio, o reformador de Zurique que foi influenciado por Erasmo de Roterdã na sua formação teológica. Zuíglio rompeu com alguns costumes da igreja de Roma, como a proibição de poder comer carne na quaresma, na concepção do reformador tudo teria que passar pelo crivo das sagradas escrituras.
A reforma teve outras fazes importantes, dentre elas, o surgimento dos anabatistas, estes eram conhecidos como reformadores radicais. Inicialmente, os reformadores radicais apoiaram reforma de Zuiglio, mas com passar do tempo começaram a ter divergências com o batismo infantil. Os anabatistas, ou rebatizadores, eram conhecidos pelo seu fanatismo e sua radicalidade.
John Calvino, conhecido como reformador de Genebra foi também um personagem de suma importância para Reforma Protestante. A intenção de Calvino era fazer de Genebra uma cidade modelo para Europa, onde que através da educação e organização da igreja a cidade pudesse ser um modelo a seguir. Calvino não foi conhecido apenas como um teólogo teórico, mas também por suas práticas, reduziu a miserabilidade e o analfabetismo em Genebra.
Uma das marcas mais relevantes da Reforma protestante foi a centralidade das escrituras, tendo como consequência os cinco Solas:  Sola Scriptura, Solus Christus, Sola Gratia, Sola Fide, Soli Deo Gloria.  Diante dessa conjuntura, queremos destacar uma predominância reformada, que é o Sacerdócio Universal de todos os crentes.
Dentre outros fundamentos defendidos pelos reformadores do século XVI está o Sacerdócio universal de todos os crentes. Esse ponto parte da premissa que não há uma centralização de um sacerdote como podemos ver no Antigo Testamento e na Idade Média, onde pode-se ver a centralidade no clero, tornando-se então, uma classe separada dos leigos. Diante deste viés, os reformadores defenderam que todos crentes são participantes desse sacerdócio a partir de Jesus Cristo, (1 Pedro 2.5; Apocalipse 1.5-6; 5.9-10).
O Sacerdócio Universal aponta para a liberdade, nos remete a uma prática comunitária de vivenciar a fé cristã, onde todo cristão é um ministro, um agente missionário. Nesse sentido todos os cristãos são leigos.. 
Diante dessa marca importante da Reforma Protestante, o sacerdócio de todos os crentes, corre o risco de ficar apenas nas análises teórica frente aos irrelevantes discursos que podemos ver no contexto de igreja brasileira.  Estamos em tempos que a proliferação de falsos ensinos tem se espalhado, a cada dia ser coerente e relevante no discurso se torna um elemento de exclusão diante da perspectiva dos consumidores e vendedores da fé, no contexto mercadológico da religião no Brasil.
Vemos muitos líderes no Brasil centralizando o poder em suas personalidades, movimentos como G12, M12, MDA, que muitas vezes valorizam de forma exacerbada a liderança de um indivíduo. Esses movimentos colocam pré-requisitos para que os novos convertidos se sintam incluídos em suas respectivas realidades.
A partir disso, temos uma igreja movida pela lógica do resultado, onde se faz o que dá certo, não o que é certo. No mês que comemoramos a Reforma Protestante, precisamos mais do que nunca de uma reforma na igreja. Os resultados não podem ser o motor que move a igreja, o que deve mover a ação da igreja é espirito profético que denuncia o erro e aponta um caminho de esperança. Isso será possível, apenas quando voltarmos a enfatizar os pontos da reforma, principalmente o que enfatiza o Sacerdócio Universal de todos crentes, onde somos remetidos que não há discípulo maior ou menor, mas, todos são discípulos e discípulas Jesus Cristo, responsáveis pela proclamação do evangelho, não há judeu, grego, homem ou mulher, somos a partir de Jesus livres de toda opressão que a religião possa nos impor. Sola Scriptura, Solus Christus, Sola Gratia, Sola Fide, Soli Deo Gloria. Viva a Reforma Protestante!


Antonio Carlos de Souza Prado


Referências bibliográficas:

CAIRNS, Earle E., O cristianismo através dos séculos: uma história da igreja cristã (São Paulo: Vida Nova, 1988). Uma das melhores histórias da igreja em um só volume disponíveis em português.

WILLIAMS, Terri, Cronologia da história eclesiástica em gráficos e mapas (São Paulo: Vida Nova, 1993). Os ótimos gráficos permitem visualizar facilmente alguns dos temas mais importantes da história da igreja.

BEEKE, Joel e outros. Sola Scriptura: numa época sem fundamentos, o resgate do alicerce bíblico. São Paulo: Cultura Cristã, 2000.

HARRIS, Laird. Inspiração e canonicidade das Escrituras. São Paulo: Cultura Cristã, 2004.