quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Ai de mim!

"A gente entende que ter a mente de Cristo é estar debaixo de Sua luz. E quem está debaixo da luz de Cristo de verdade a primeira coisa que ele enxerga é a si mesmo. E a única coisa que pode sair da boca é: AI DE MIM!" (Pr Neil Barreto)

“Porque, se alguém julga ser alguma coisa, não sendo nada, a si mesmo se engana” (Gálatas 6.3)

A bíblia nos ensina que devemos avaliar a nós mesmos (1Co 11.28, Gl 6.4). Quando uma pessoa se avalia, quando uma pessoa olha para si mesmo, como citado pelo pastor Neil, a única expressão sincera que ela pode dar é clamar por misericórdia. Quando olhamos para nós mesmos e analisamos, podemos ver o quanto necessitamos do amor e perdão de Deus, compreendemos a verdadeira essência do que é ser cristão. O cristianismo não prega salvação meritória, isto é, salvação por merecimento. Disso todos nós sabemos. E esse entendimento nos mostra como devemos agir em nosso cotidiano, nos aponta para coisas básicas como não se achar maior do que ninguém, por exemplo.

A soberba é uma grande tentação que todos nós sofremos. Não devemos olhar para as pessoas de maneira vertical, mas sim de forma horizontal. As fraquezas do outro incomodam quando são diferentes das nossas, passamos, então, a olhá-las com desprezo. Lamentável... A Palavra nos ensina que o corpo de Cristo só é edificado por meio do amor (Ef 4.15), não por competição. Quando olhamos para o outro com olhar horizontal, passamos a entender que suas fraquezas são como as nossas, assim, fechamos as portas para toda ação maligna de acusação e competição.

Não estamos aqui para competir santidade, mas sim para nos edificarmos em amor. Quando olho pra mim e manifesto-me de forma sincera (Ai de mim!), entendo que sou apenas mais um que carece daquilo que só Deus pode me dar, passo a ser um servo humilde perdoado ao invés de um soberbo cego que caminha para a perdição (Pv 1.32). O Reino de Deus é para os que se arrependem e não para os que se julgam melhores. Que Deus nos guarde do engano!


Clayton Silva Senziani

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

A falsa segurança

“Os nécios são mortos por seu desvio, e aos loucos a sua impressão de bem-estar os leva a perdição.” (Provérbios 1.32)

No capítulo 4, Salomão faz uma advertência com relação ao coração do homem, que deveria ser guardado pois “dele procedem as fontes da vida” (v. 23). No Antigo Testamento não se faz uma separação entre corpo e mente (espírito), o coração é o centro da atividade intelectual do corpo, lugar do intelecto, racionalidade[1]. Partindo desse entendimento, podemos pensar no coração do homem como o filtro que compreende se determinadas coisas são boas ou ruins. Se esse “filtro” estiver bom, o homem conseguirá discernir o que é positivo ou negativo para sua vida.

O versículo dessa reflexão nos mostra que os loucos são conduzidos à perdição por acreditar e entender que está tudo bem, seu entendimento está cego, seu “filtro” não funciona como deveria. Quando a sabedoria do Senhor não se faz presente em nossas vidas somos enganados pelas condições exteriores da vida, aparentando que tudo está tudo bem enquanto, na verdade, está longe disso. Talvez estejamos desempenhando boas ações em nossas igrejas, tudo está sob o controle de nossas mãos no lar, no trabalho... mas esse sentimento de segurança não passa de uma falsa impressão de bem-estar que leva a perdição. O sentimento de segurança nos cega, em um mundo onde o sucesso é tido como recompensa de Deus por uma vida reta, isso se torna um grande desvio. Quando Davi mata o marido de Bate-Seba para tomá-la como esposa ele continuou como rei de Israel, continuou com seu lugar de prestígio entre os homens, mas seu coração estava tomado por maldade (2 Samuel 11). O sucesso e bem-estar humanos não significavam a mesma coisa aos olhos do Senhor.

Que nossa oração seja pedir ao Senhor que nos dê um coração sensível para entender Sua vontade, para que não caiamos no engano da falsa segurança. A Palavra de Deus é luz aos nossos caminhos, para não tropeçarmos no engano. Devemos vigiar para não perdermos, com o tempo, a nossa sensibilidade para ouvir a voz de Deus, de não sermos guiados por nossas próprias loucuras. “Mas o que me der ouvidos habitará seguro, tranquilo e sem temor do mal.” (Pv 1.33).

Clayton Silva Senziani




[1] Tirando o pó das palavras (Tércio Machado Siqueira). Página 24.