Uma fala direta e até dura. Jesus não poupa sentimentos para
mostrar o quão importantes são as crianças e como devem ser tratadas de forma
digna, com muito cuidado para que não se percam. O texto de Mateus 18 é um
texto muito conhecido em nossas igrejas e também um texto que gera desafios
para a igreja: como inserir a criança no ambiente cúltico? Como deve ser o
cuidado no dia a dia da igreja com relação a elas?
Falar de crianças após ler este texto tende a se tornar uma
tarefa muito agradável (pelo menos para mim), pois me faz refletir o quão
especiais elas são, na pureza, na sinceridade... É muito difícil não se deixar
envolver na alegria de ver uma criancinha rindo, brincando alegremente,
aprendendo a engatinhar, aprendendo a andar, se embolando com as palavras que
ainda não aprenderam a falar direito, isso tudo alegra muito o ambiente. Enfim,
falar de criança gera esse sentimento de satisfação. Mas também existem os
casos de crianças com atitudes nada graciosas e que merecem correção. Uma cena
que eu, particularmente, acho muito feia
é de criança pirracenta, é muito incômodo. Assim como vários outros exemplos que
podem ser dados. Mas fato é que devemos cuidar delas para que não se percam
(v.14).
Falar de crianças após ler este texto pode ter essa
conotação agradável como dito anteriormente,
mas também precisa gerar em nós uma reflexão profunda acerca de como
elas têm sido tratadas no contexto onde estamos inseridos. O pastor Ariovaldo
Ramos, em seu livro "A Ação da Igreja na Cidade", dá um exemplo muito
forte comparando esse relato de Jesus colocando uma criança no centro, propondo
porém a imaginarmos que aquela criança seja uma das crianças que estamos
habituados a ver entregues ao abandono na Praça da Sé, em São Paulo. Jesus
poderia apresentá-la como um símbolo do que há de melhor na humanidade?
Infelizmente não, pois a sociedade
brasileira tem descaracterizado suas crianças,
tranformando-as em símbolo daquilo que há de pior. Isso é muito duro,
gera um peso de responsabilidade muito grande. Que tipo de ações temos
prestados em prol de ajudar nossas crianças?
Devemos carregar vivas em nossas mentes as palavras de Jesus, de que
"ai daquele por quem o escândalo vem". Não devemos escolher a
omissão, no que tange ao cuidado a esses pequeninos. Jesus usa ainda outro
exemplo cofrontador, apresentado no versículo 6, de que melhor é amarrar uma grande pedra (mó
de azenha) e se jogar nas profundezas do mar do que escandalizar qualquer um
dos pequeninos.
Devemos compreender o tamanho amor que Deus tem pelas
criancinhas, devemos amá-las com toda
intensidade. Uma igreja que cuida de suas crianças é uma igreja que agrada (e
muito) o coração de Deus. E em especial,
nós metodistas, temos o exemplo
em nossa história. John Wesley se dedicava em seus trabalhos com as crianças,
fundando escolas e orfanatos, para que todas as crianças, principalmente as mais pobres, pudessem ser
cuidadas e instruídas. É interessante que as escolas eram criadas no intuito de
alfabetizá-las longe das práticas pagãs. Eram ensinadas a ler, escrever e
contar, antes e depois das aulas também eram catequizadas.
Exemplos então não nos faltam, independente de sermos
metodistas, batistas, presbiterianos, assembleianos, católicos... Cuidar das
crianças é uma missão para todos nós. Que possamos cumpri-la com muito temor,
zelo e amor. Deus nos abençoe!
Clayton
Senziani