terça-feira, 8 de março de 2016

Jesus e a mulher com fluxo de sangue: a valorização da mulher


Texto: Marcos 5.25-34

O relato da cura da mulher com fluxo de sangue é, com certeza, um dos relatos mais marcantes das curas de Jesus. De um lado temos Jesus, o Cristo, rodeado por uma multidão de pessoas que o seguiam (Mc 5.31), do outro temos uma mulher impura aos olhos da religião e ninguém poderia toca-la, pois também seria considerado impuro (Lv 15.25-27). Uma mulher que vivia deixada de lado há doze anos, que passou pela mão de vários médicos gastando tudo que possuía e vendo sua saúde ficando cada vez pior... DOZE ANOS nessa situação...

          Não quero focalizar na doença e no milagre, mas sim na aproximação de Jesus para com aquela mulher. As mulheres na cultura judaica não tinham sua devida valorização, mas eram consideradas impuras por conta de sua menstruação e também por carregarem crianças (pois as crianças também eram consideradas impuras até determinada idade por conta do contato que tinham com a mãe em seu período menstrual), são as mulheres que Jesus trouxe para perto de si. Ele resgata e restaura a importância da mulher no estabelecimento do Reino de Deus.[1] Ao ser tocado por uma mulher impura, Jesus passaria a ser considerado como tal se os doutores da Lei soubessem do ocorrido, portanto, ele poderia ter mantido segredo ao ser tocado por aquela mulher, afinal de contas, o milagre já estava feito! Mas ele não agiu dessa forma. Ao contrário, Jesus faz questão de tornar público que aquela mulher o encostou, Jesus valoriza publicamente aquela que estava acostumada a ser jogada de canto pela sociedade e pelos religiosos.

      Somos cristãos, devemos ser como Cristo. Em tempos onde a mulher ainda é desvalorizada por diferentes meios (músicas, relações profissionais, conjugais...) devemos agir de forma profética, denunciando esse erro por meio de atitudes contrárias. Devemos ser diferentes, valorizar essas que são maioria em grande parte de nossas igrejas. Que as mulheres possam encontrar todo amor e cuidado que merecem em nossas igrejas!

Deus abençoe ricamente nossas amadas irmãs!


Texto dedicado especialmente às minhas amadas mãe e noiva.
Clayton Silva Senziani



[1] Tércio Machado Siqueira: Tirando o pó das palavras. 

quinta-feira, 3 de março de 2016

Justiça de Deus no lar

Se estudarmos a fundo o que significa a justiça (sedaqah, no hebraico) no Reino de Deus, veremos que esse conceito é bastante diferente daquilo que entendemos por justiça em nosso dia-a-dia. Quando pensamos nela, somos levados, na maioria das vezes, a enxerga-la como sinônimo de punição. Entendemos que a justiça foi feita quando alguém é preso por cometer algum delito. Mas a Bíblia nos mostra que a justiça de Deus não é uma mera atitude de punição. Nas palavras do Dr. Tércio Machado Siqueira: “Enquanto convivemos com um tipo de justiça dura e inflexível, a Bíblia nos apresenta uma justiça que busca o perdão e restauração do pecador”.

Comportamentos baseados na confiança, amor e solidariedade são comportamentos que manifestam a justiça de Deus, pois o oposto disso é ausência dela, é injustiça. As pessoas que sabem discernir o que é justiça se tornam pessoas servas umas das outras, pois ela se manifesta por meio de relacionamentos. Nosso Deus é Deus que se relaciona e espera isso de nós. Em Provérbios 29.7 nos mostra claramente que o justo se preocupa com a dor do outro e por ela se dedica, age em favor, buscando tornar a vida do outro cada vez mais repleta da paz que emana de Deus; enquanto aquele que não age dessa maneira é descrito como perverso. No início dessa reflexão foi destacado que justiça de Deus não é uma mera atitude de punição, mas isso não descarta seu caráter punitivo, pois se torna punição na vida daqueles que não a vivem. Aqueles que não vivem uma vida de serviço a Deus e ao próximo se tornam réu da justiça de Deus.

Vivemos em tempos onde lares são destruídos todos os dias por diversos tipos de violência, uma clara ausência dessa justiça que nos ensina a servir e gerar confiança. Lares são destruídos porque a justiça de Deus não reina e não é manifesta. Mas enquanto temos fôlego há tempo para mudanças! Se você entende que não tem vivido essa justiça em sua vida, desafie-se a começar vive-la hoje. Caso sinta que tem faltado isso no seu lar, peça a Deus e seja você a primeira faísca para ascender a chama da justiça em sua casa. Em Romanos 12.10 somos ensinados a buscar primeiro a honra do outro, é aí que mora o mistério da justiça de Deus, é enxergarmos o outro acima de nossos próprios interesses.

Que possamos ser canais de manifestação da justiça de Deus! Que Ele continue nos abençoando.

Clayton Silva Senziani
(Texto dedicado ao meu amigo e irmão Josué Martins, que me motivou a escreve-lo)



Fontes:
Dicionário Bíblico Wycliffe
Tirando o pó das palavras (Tércio Machado Siqueira)

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Ai de mim!

"A gente entende que ter a mente de Cristo é estar debaixo de Sua luz. E quem está debaixo da luz de Cristo de verdade a primeira coisa que ele enxerga é a si mesmo. E a única coisa que pode sair da boca é: AI DE MIM!" (Pr Neil Barreto)

“Porque, se alguém julga ser alguma coisa, não sendo nada, a si mesmo se engana” (Gálatas 6.3)

A bíblia nos ensina que devemos avaliar a nós mesmos (1Co 11.28, Gl 6.4). Quando uma pessoa se avalia, quando uma pessoa olha para si mesmo, como citado pelo pastor Neil, a única expressão sincera que ela pode dar é clamar por misericórdia. Quando olhamos para nós mesmos e analisamos, podemos ver o quanto necessitamos do amor e perdão de Deus, compreendemos a verdadeira essência do que é ser cristão. O cristianismo não prega salvação meritória, isto é, salvação por merecimento. Disso todos nós sabemos. E esse entendimento nos mostra como devemos agir em nosso cotidiano, nos aponta para coisas básicas como não se achar maior do que ninguém, por exemplo.

A soberba é uma grande tentação que todos nós sofremos. Não devemos olhar para as pessoas de maneira vertical, mas sim de forma horizontal. As fraquezas do outro incomodam quando são diferentes das nossas, passamos, então, a olhá-las com desprezo. Lamentável... A Palavra nos ensina que o corpo de Cristo só é edificado por meio do amor (Ef 4.15), não por competição. Quando olhamos para o outro com olhar horizontal, passamos a entender que suas fraquezas são como as nossas, assim, fechamos as portas para toda ação maligna de acusação e competição.

Não estamos aqui para competir santidade, mas sim para nos edificarmos em amor. Quando olho pra mim e manifesto-me de forma sincera (Ai de mim!), entendo que sou apenas mais um que carece daquilo que só Deus pode me dar, passo a ser um servo humilde perdoado ao invés de um soberbo cego que caminha para a perdição (Pv 1.32). O Reino de Deus é para os que se arrependem e não para os que se julgam melhores. Que Deus nos guarde do engano!


Clayton Silva Senziani

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

A falsa segurança

“Os nécios são mortos por seu desvio, e aos loucos a sua impressão de bem-estar os leva a perdição.” (Provérbios 1.32)

No capítulo 4, Salomão faz uma advertência com relação ao coração do homem, que deveria ser guardado pois “dele procedem as fontes da vida” (v. 23). No Antigo Testamento não se faz uma separação entre corpo e mente (espírito), o coração é o centro da atividade intelectual do corpo, lugar do intelecto, racionalidade[1]. Partindo desse entendimento, podemos pensar no coração do homem como o filtro que compreende se determinadas coisas são boas ou ruins. Se esse “filtro” estiver bom, o homem conseguirá discernir o que é positivo ou negativo para sua vida.

O versículo dessa reflexão nos mostra que os loucos são conduzidos à perdição por acreditar e entender que está tudo bem, seu entendimento está cego, seu “filtro” não funciona como deveria. Quando a sabedoria do Senhor não se faz presente em nossas vidas somos enganados pelas condições exteriores da vida, aparentando que tudo está tudo bem enquanto, na verdade, está longe disso. Talvez estejamos desempenhando boas ações em nossas igrejas, tudo está sob o controle de nossas mãos no lar, no trabalho... mas esse sentimento de segurança não passa de uma falsa impressão de bem-estar que leva a perdição. O sentimento de segurança nos cega, em um mundo onde o sucesso é tido como recompensa de Deus por uma vida reta, isso se torna um grande desvio. Quando Davi mata o marido de Bate-Seba para tomá-la como esposa ele continuou como rei de Israel, continuou com seu lugar de prestígio entre os homens, mas seu coração estava tomado por maldade (2 Samuel 11). O sucesso e bem-estar humanos não significavam a mesma coisa aos olhos do Senhor.

Que nossa oração seja pedir ao Senhor que nos dê um coração sensível para entender Sua vontade, para que não caiamos no engano da falsa segurança. A Palavra de Deus é luz aos nossos caminhos, para não tropeçarmos no engano. Devemos vigiar para não perdermos, com o tempo, a nossa sensibilidade para ouvir a voz de Deus, de não sermos guiados por nossas próprias loucuras. “Mas o que me der ouvidos habitará seguro, tranquilo e sem temor do mal.” (Pv 1.33).

Clayton Silva Senziani




[1] Tirando o pó das palavras (Tércio Machado Siqueira). Página 24.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Não nos permita viver uma falsidade!

Texto: Provérbios 30.7-9

A expressão hebraicašāw”, presente no versículo 8, significa vacuidade (vazio de conteúdo), vaidade, falsidade. É inquestionável que o sentido básico dessa expressão é o de “vacuidade”, “vaidade”. Essa expressão se refere a tudo aquilo que é impalpável, irreal e sem valor, seja no sentido material, seja no sentido moral.

Neste pequeno texto nota-se um pedido interessante feito pelo sábio, um pedido de livramento da vaidade. A Bíblia versão Almeida Revista e Atualizada (ARA), traduz este termo hebraico como “falsidade”, entretanto, após uma rápida pesquisa, entendo que a primeira tradução apresentada se encaixa melhor com a mensagem do livro de Provérbios. O lema recorrente deste livro é “o temor do Senhor é o princípio da sabedoria”, logo, o pedido do sábio condiz com a mensagem do livro, no sentido de buscar em Deus estar cheio dEle para não se tornar alguém vazio em si mesmo.

Grande tentação é para o homem e para a mulher buscar em si mesmo as soluções de que precisa. Em minhas últimas mensagens tenho tido a oportunidade de compartilhar isso com a igreja, de que devemos buscar em Deus as respostas para nossas aflições, mesmo que tudo pareça estar muito difícil e mesmo que estejamos desacreditados de tantas coisas. O texto bíblico nos mostra que ter a esperança em coisas terrenas é viver uma falsidade (!!!), a sabedoria que vem de Deus nos ensina que é sendo dependente dEle que viveremos bem. Viver bem aos olhos do mundo pode significar ter fartura de bens, mas este mesmo texto bíblico que estamos meditando nos mostra que esse excesso pode nos fazer sentir autossuficientes e nos afastar de Deus.

O temor do Senhor é o princípio da sabedoria! Ter Deus como primeiro lugar em nossas vidas é o grande mistério da sabedoria, isso pode parecer muito simples, com certeza já ouvimos isso em algum momento, mas o cristianismo é isso, é simples. Quando temos Deus em primeiro lugar aprendemos dEle, passamos a amar mais, a desapegar dos excessos e até mesmo entender as faltas, pois a fidelidade de Deus independe disso tudo.


Voltemos à simplicidade! Façamos orações como a deste sábio de Provérbios 30, tenhamos nossos corações firmes em Deus somente, pois Ele é quem provê aquilo que precisamos, que é o cuidado, o ensino, a verdadeira sabedoria! Vivamos o evangelho do amor. Deus nos abençoe! 

Clayton Silva Senziani