segunda-feira, 4 de maio de 2015

O massebá e a asherá de nossos dias


No mês de novembro do ano passado foi o mês em que tomei a decisão de estudar o livro de Juízes e foi uma experiência muito boa. Este livro retrata abertamente as idas e vindas do povo de Israel quanto a sua fidelidade a Javé. A todo momento percebe-se a dinâmica dessa relação, onde num dado momento o povo se encontra em uma situação de idolatria a deuses de outros povos, então são castigados por Javé. O povo é atacado e oprimido por outros povos, um bom exemplo está no capítulo 6 que narra a opressão dos midianitas, onde eles destruíam toda e qualquer plantação que o povo de Israel viesse a cultivar, isso provocou o arrependimento por parte do povo israelita e Javé levanta Gideão para livrá-los das mãos dos midianitas.


O intuito deste texto é apresentar um pouco da idolatria do povo cananeu (sistema religioso cujo o povo israelita acaba aderindo em diversos momentos) e trazer para a realidade vivida atualmente.

La cultura y la religión de Canaán
Foto tirada do blog "Las Deidades Cananeas"
A religião de Canaã era uma religião ligada ao cotidiano dos agricultores, seus cultos eram ligados aos cultos das forças da natureza, à fertilidade do solo e à vegetação. A preocupação era pela produção, eles clamavam para que no fim pudessem ter sucesso na produção agrária. O culto era feito em elevações ou montes, em lugar aberto no meio da natureza. Aqui chegamos ao ponto chave deste texto. Dois eram os elementos básicos para esse culto: o massebá e a asherá. O massebá (2Rs 3.2) era um símbolo da divindade masculina. Sua forma era a de uma estrela ou poste de pedra, sinal mágico que ligava a divindade masculina à terra, feminina, realizando a imagem simbólica da inseminação. A asherá (1Rs 15.13) era um símbolo da divindade feminina, em geral um pedaço de madeira fincado no solo ou, às vezes, uma árvore viva. Esses dois símbolos eram mantidos juntos, lado a lado ou acoplados, simbolizando a relação que dá origem à vida da natureza.[1]

O povo israelita se rendeu em diversas vezes aos cultos dos cananeus (apresentado acima), desobedecendo uma ordem de Javé, o mandamento para não adorar outros deuses (Ex 20.3). Esse cenário apresentado pode trazer uma reflexão interessante sobre a vida cristã em nossos dias, onde nos deparamos com diversos casos de pessoas que trocam o verdadeiro culto à Deus, trocam os mandamentos, por um sistema de idolatria que possa parecer mais conveniente. Pode ser que não seja o caso de adorar uma divindade para ter o sucesso no plantio, mas talvez uma entrega à avareza, a busca incessante do sucesso próprio ao invés da santificação. A idolatria dos cananeus se pautava na busca da auto-satisfação e isso não se distancia do contexto atual, onde não se tem o massebá e a asherá propriamente ditos, mas sim uma mentalidade distorcida que traz danos tão grandes quanto os elementos apresentados.

Que este texto possa ser proveitoso. E que possamos também meditar que a mesma idolatria que criticamos tanto de outros seguimentos religiosos, com relação as suas imagens, não venha ser também nossa pedra de tropeço, pois é muito fácil trocarmos a idolatria por imagens pela idolatria do nosso próprio ego.

Deus nos abençoe ricamente!

Clayton Senziani




[1] STORNIOLO, Ivo. Como ler o livro dos Juízes: aprendendo a ler a história. São Paulo: Paulinas, c1992. p. 29 (Como ler a Biblia). 

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